25.12.11
Mulheres ainda enfrentam rigidez do sistema no Afeganistão
Fawad Peikar.
Cabul, 7 dez (EFE).- Mariyam é uma mãe de 17 anos que afirma que é muito difícil ser mulher no Afeganistão. Quando tinha 11 anos, se tornou noiva de um rapaz sete anos mais velho em troca de US$ 3 mil e foi obrigada a se casar com apenas 14.
Seu marido é taxista e ainda tem que saldar a dívida que tinha com o sogro em um país onde é amplamente difundido tanto o casamento infantil quanto o forçado, além da compra e venda de mulheres para contrair matrimônio, estuprá-las ou solucionar uma disputa familiar.
"Primeiro, fui uma filha vendida. Depois, me tornei uma esposa comprada", lamenta Mariyam, que apanhou de seus sogros durante os primeiros meses de casamento até o nascimento de seu primeiro filho, a quem deu à luz com apenas 15 anos.
Um relatório da ONU divulgado neste mês apresenta uma série de casos que exemplificam a gravidade da situação.
Uma delas é a história de duas irmãs de 15 e 17 anos que foram assassinadas na província de Herat, depois que a mais velha se recusou a casar com o homem escolhido por sua família. As jovens morreram após serem atacadas em um quarto por cinco pessoas, incluindo os futuros parentes.
A Polícia deteve os cinco agressores em outubro de 2010, mas o tribunal que investigava o caso condenou a apenas 16 anos de prisão dois deles - os futuros sogro e marido -, enquanto os demais continuaram livres.
Durante o regime fundamentalista talibã, que dominou o Afeganistão entre 1996 e 2001, a vida das mulheres foi muito difícil. Elas eram forçadas a vestir a burca, não podiam trabalhar, estudar ou sair de casa sem a companhia de algum homem que fosse seu parente.
A situação mudou um pouco com a chegada da comunidade internacional ao país, após a queda dos talibãs. De acordo com o relatório, nos últimos anos, houve um "progresso", comprovado pelos 38% de mulheres escolarizadas, as 69 deputadas que ocupam uma cadeira no Parlamento e as primeiras a conseguirem se formar como pilotos.
"Somos testemunhas de muitas mudanças positivas na vida das mulheres desde a invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o regime talibã", (em 2001) afirma à Agência Efe Farida Yasser, uma professora de 42 anos que leciona em uma escola para meninas.
Em seu estudo, a ONU expõe o panorama "promissor" dos tribunais de algumas províncias, mas ressalta que o pequeno número de casos semelhantes revela a necessidade de um papel mais ativo dos sistemas judiciário e governamental.
O objetivo do estudo é que a lei seja aplicada em casos de violência contra as mulheres, já que a rigidez da ideologia talibã ainda sobrevive em qualquer esfera da vida afegã
Uma deputada, que não quis se identificar, afirmou à Efe que seu partido é frequentemente desprezado por alguns deputados no Parlamento.
"Muitas vezes sou interrompida por legisladores por expor um argumento lógico, já que sou mulher e, nas palavras de um amigo deputado no Parlamento, só tenho 'meio cérebro'". EFE
(este texto foi extraído do site yahoo).
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