29.12.08

Continuação: mutilação feminina



A VERDADE SOBRE A MUTILAÇÃO DA GENITÁLIA FEMININA
Por Nawal El Saadwi

"Eu também lembro do toque gélido dos azulejos do banheiro embaixo de meu corpo nu, e vozes desconhecidas

e cochichos interrompidos de vez em quando pelo som de algo metálico raspando, o que me lembrou o som de

um açougueiro quando afia a faca, antes de matar uma ovelha em um abatedouro."


Nawal El Saadawi é uma líder feminista egípcia, socialista, médica,
novelista e autora de uma clássico sobre as mulheres no Islã, A Face escondida de Eva.

Ela teve uma carreira distinta como diretora de Educação sobre Saúde no Ministério da
Saúde no Cairo, até ser sumariamente dispensada de seu cargo em 1972, como conseqüência
de suas de suas atividades e artigos políticos. O pior estava por vir, quando ela foi presa em
1981 com outras milhares de mulheres, por "crimes contra o Estado". Ela foi libertada apenas
após o assassinato do presidente Sadat. "Memórias de uma Prisão de Mulheres III"relata sua
experiência.

PARTE 1 A Metade Mutilada
1. A Questão que Ninguém Responderia.

Eu tinha 6 anos de idade naquela noite. Estava deitada em minha cama, quente e em paz naquele
estado prazeroso onde fica a metade do caminho entre estar acordado e dormindo, com os sonhos
róseos de infância sobrevoando a mente, como contos gentis em uma rápida sucessão. Eu senti
algo se movendo debaixo dos cobertores, algo como uma mão enorme, fria áspera percorrendo meu
corpo, como que procurando alguma coisa. Quase simultaneamente outra mão, tão fria, grande e
áspera quanto primeira tampou a minha boca, como me prevenindo para não gritar. Eles me carregaram
para o banheiro.

Eu não sei quantos deles eram, e também não lembro de seus rostos, ou se eram homens ou mulheres.
O mundo parecia, para mim, estar embrulhado numa neblina negra que não me deixava enxergar. Ou talvez
eles tivessem colocado algo para cobrir mus olhos.

Tudo o que eu lembro é que eu estava assustada e que eram muitos deles, e que prenderam minhas
mãos, meus braços e minhas coxas com ferro, para que não pudesse resistir ou mesmo me mover.

Eu também lembro do toque gélido dos azulejos do banheiro embaixo de meu corpo nu, e vozes
desconhecidas e cochichos interrompidos de vez em quando pelo som de algo metálico raspando,
o que me lembrou o som de um açougueiro quando afia a faca, antes de matar uma ovelha em um
abatedouro.

Meu sangue estava congelado em minhas veias. Para mim parecia que ladrões haviam invadido meu
quarto e me seqüestrado de minha cama. Eles estavam se preparando para cortar minha garganta,
como sempre acontecia com garotas desobedientes como eu nas estórias que minha velha avó gostava
tanto de me contar.

Eu agucei minhas orelhas tentando captar o som metálico. No momento em que este cessou, foi como
se meu coração tivesse parado de bater com ele. Eu não podia ver, e de algum modo minha respiração
parecia que havia parado também. Tentei imaginar o que estava fazendo o barulho cada vez mais perto
de mim. De algum modo aquela coisa não estava se aproximando do meu pescoço como eu esperava,
mas sim de outra parte do meu corpo.

Em algum lugar abaixo da minha barriga, como que procurando algo enterrado entre minhas coxas. Naquele
momento eu percebi que minhas coxas haviam sido separadas, e que cada um de meus membros inferiores
estavam mais longe possível um do outro, seguros por dedos de aço que eu nunca mais poderei esquecer
sua pressão. Eu sentia que a faca ou lâmina estava indo direto para baixo, em direção a minha garganta

Então derrepente a ponta metálica afiada pareceu cair entre minhas coxas, e lá cortar um pedaço de carne
de meu corpo. Eu gritei de dor, apesar da mão forte que tampava minha boca; uma dor que não era apenas
dor, era como uma chama ardente que percorreu todo o meu corpo. Depois de alguns momentos eu vi
uma piscina de sangue ao redor de meu quadril.

Eu não sabia o que eles haviam tirado do meu corpo e não tentei descobrir. Apenas chorei e chamei a
minha mãe por ajuda. Mas o pior choque de todos ocorreu quando eu olhei em volta e a vi de pé ao meu lado.
Sim, era ela, eu não poderia estar enganada, em carne e osso, bem no meio desses estranhos, falando com
eles e sorrindo para eles, como se eles não tivessem participado do corte de sua filha momentos atrás

Eles me carregaram até minha cama. Eu os vi pegando minha irmã, que era dois anos mais nova, exatamente
do mesmo modo com que eles me pegaram alguns minutos antes.

Eu gritei com toda minha força. Não! Não! Eu podia ver o rosto de minha irmã preso entre as grandes mãos
ásperas. Seus grandes olhos pretos e esbugalhados encontraram os meus por um rápido segundo, um
relance negro de terror que eu nunca esquecerei. Um tempo depois e ela se foi, atrás da porta do banheiro
onde eu havia acabado de estar. O olhar que nós trovamos parecia dizer: 'agora nós sabemos o que é. Agora
sabemos onde está nossa tragédia. Nós nascemos parte de um sexo especial, o sexo feminino. Nós
somos destinadas a experimentar o desgosto, e a ter parte de nosso corpo rasgado por mãos frias e

insensíveis'.

Minha família não era uma família egípcia sem educação. Ao contrário, ambos os meus pais tiveram sorte
o suficiente para ter uma ótima educação para os padrões daquela época. Meu pai era um formando da
universidade daquele ano (1937), e havia sido apontado como controlador geral da Educação da Província
de Menoufla, na região do Delta do Cairo do Norte. Minha mãe havia sido educada em escolas francesas
por seu pai, que era diretor geral de Recrutamento do Exército.

Não obstante, o costume de circuncidar garotas era muito presente naquela época, e nenhuma menina
conseguia escapar da amputação de seu clitóris, não importando se sua família vivia numa área rural
ou urbana.

Quando voltei para a escola após ter me recuperado da operação, perguntei ás minhas colegas de classe
e amigas sobre o que aconteceu comigo, apenas para descobrir que todas elas, sem exceção, haviam
passado por essa experiência, não importando a que classe social elas pertenciam (classe alta, classe
média ou classe média-baixa).

Em áreas rurais, entre as famílias mais pobres, todas as garotas são circuncidadas, como descobri
mais tarde por meus parentes em Kar Tahla. Esse costume ainda é muito comum nas vilas, e mesmo
nas cidades uma grande proporção de famílias acredita ser necessária a operação.

Tradução: Olívia Cappi
Revisão: Allan Ednei
http://www.indymedia.org/front.php3?article_id=78645&group=webcast


Mutilação genital feminina na Guiné e na Indonésia


O semanário português Expresso dá a notícia da divisão dos deputados do Parlamento guineense em relação à aprovação de uma lei para proibir a mutilação genital feminina no país. Fernando Gomes, fundador e antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, é um dos parlamentares que tenta fazer passar a lei, contra a resistência dos que não querem mexer com a tradição. Em Portugal e noutros Estados europeus com comunidades imigrantes provenientes de países onde se mutilam ainda os órgãos genitais das raparigas é completamente proibido realizar tal prática. Esperemos que os dirigentes políticos da Guiné-Bissau tenham a coragem de pelo menos dar os instrumentos legais àquelas que se empenham na luta contra este flagelo. Mesmo com aprovação da lei ainda haverá um longo caminho a percorrer para mudar as mentalidades e os costumes.

A Organização Mundial de Saúde estabelece uma tipologia dos tipos de mutilação que vão dos menos radicais, que podem limitar-se à realização de um pequeníssimo corte ritual no clítoris só até fazer sair uma gota de sangue, até outros que incluem a remoção do capuz do clítoris, ou do capuz e do próprio clítoris, ou a amputação completa destes e dos lábios menores, até aos casos mais graves, da chamada infibulação, em que após a ablação os lábios maiores são cosidos quase em todo o comprimento deixando apenas um pequeno orifício para passagem da urina e do sangue mentrual.

Também na Indonésia se mantém ainda a tradição da mutilação genital. De acordo com um estudo de que se deu notícia no jornal Kompas, citado no blogue Indonesia Matters, 90% das mulheres indonésias são circuncidadas. O mesmo blogue aponta para um artigo do New York Times, de Janeiro passado, onde se fala num valor ainda mais elevado, 96%. Este jornal inclui fotografias de uma sessão de mutilação em massa (mais de 200 numa manhã) realizada em Bandung pela Fundação Assalaam, cujo responsável pelos serviços sociais diz que “há três ‘benefícios’ para as raparigas: um, estabiliza a libido delas; dois, vai fazer a mulher ficar mais bonita aos olhos do marido; e três, dá-lhes equilíbrio psicológico”.

Os direitos humanos são universais e há que continuar a trabalhar para que cheguem também a estas vítimas da tradição.

http://jpesperanca.blogspot.com/2008/03/mutilao-genital-feminina-na-guin-e-na.html

PELO FIM DA MUTILAÇÃO FEMININA

Entidades e particulares engajam-se no combate ao milenar costume e ajudam filhas de africanas que vivem na Alemanha a superarem o choque cultural.

Uma conferência internacional promovida pelo Comitê Inter-Africano (IAC) em Addis Abeba, na semana passada, terminou com um apelo do Unicef pela abolição da circuncisão feminina até o ano de 2010 e a proclamação de um Dia Internacional contra esse costume milenar. Praticada em pelo menos 26 países africanos, a mutilação atinge cerca de dois milhões de meninas e adolescentes a cada ano. Calcula-se que no mundo vivam até 130 milhões de mulheres que foram submetidas a uma circuncisão.

Há anos que organizações de defesa dos direitos humanos do mundo ocidental vêm tentando coibir a prática, e mesmo na África difunde-se a consciência de que ela é uma afronta à dignidade das mulheres.

Seqüelas físicas e psíquicas

A médica alemã Solange Nzimegne-Gölz, que preside em Berlim a Sociedade pelos Direitos das Mulheres Africanas, conhece bem o assunto, ao qual se dedica há anos. Ela sabe dos problemas físicos e psíquicos das mulheres submetidas à prática, principalmente das que passaram pelo método mais radical da circuncisão: a infibulação, na qual são extirpados o clitóris e os lábios vaginais. Em seguida, o que sobra de um lado da vulva é costurado ao outro lado, deixando apenas um orifício minúsculo pelo qual a mulher urina e menstrua. "Dores, infecções e incontinência", resume a doutora Nzimegne-Gölz as seqüelas com as quais o corpo das afetadas luta o resto da vida. Isso sem falar na alma. E da humilhação da desfibulação, quando o marido na noite de núpcias volta a abrir com uma faca as genitálias da noiva.

O rito é milenar e muitos dos povos africanos acreditam que ele seja prescrito pelo islã. No entanto, não existe nenhuma passagem do Alcorão que o justifique, ressalta a médica alemã. Por isso é que políticos e ativistas dos direitos humanos também passaram a incluir líderes religiosos em seu trabalho de esclarecimento.

Primeiros sucessos

Rüdiger Nehberg (esq.) conseguiu proibição da circuncisão numa região da EtiópiaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Rüdiger Nehberg (esq.) conseguiu proibição da circuncisão numa região da EtiópiaO aventureiro Rüdiger Nehberg — conhecido também no Brasil por seu empenho em favor dos índios ianomâmis — é exemplo de uma iniciativa bem-sucedida na África. Graças a sua atuação na província de Afar, na Etiópia, os chefes das tribos regionais proibiram a circuncisão feminina, em janeiro de 2002.

Mesmo que demore algum tempo até que a prática desapareça de todo, é um primeiro passo. Em alguns países, a proibição foi decretada pelo governo nacional. É o caso da Nigéria em 2002 e, neste ano, de Benin. "A gente percebe que alguma coisa está acontecendo", diz a doutora Nzimegne-Gölz com certo alívio.

Choque cultural

Todo o debate em torno da circuncisão feminina tem ainda outro efeito, nem sempre levado em consideração. Para meninas e adolescentes africanas — muitas vezes filhas de refugiados — que vivem num país ocidental, o choque cultural pode dificultar a formação de sua identidade. Enquanto as mães ainda cresceram num ambiente cultural homogêneo, as filhas se vêem expostas à discrepância entre os valores tradicionais de sua cultura original e a crítica da nova sociedade em que vivem.

Na Alemanha, o projeto Forward Germany, de Frankfurt, trabalha justamente com adolescentes africanas de 14 a 22 anos, dando-lhes a oportunidade de falar sobre seus conflitos, em intercâmbio com outras afetadas. Em reconhecimento por sua atuação, o projeto — que pretende ampliar-se para uma rede — recebeu recentemente o Prêmio de Direitos Humanos de uma fundação alemã dedicada a questões femininas.



Mutilações genitais contra meninas do Sudão estão com os dias contados?


Menina sudanesa em campo de refugiados

Surgem os primeiros passos para salvá-las da mutilação genital, uma prática que assola 28 países e faz 2 milhões de vítimas por ano


por Rita Freire

Uma notícia discreta do IRIN, rede de informações das Nações Unidas na África, sinaliza para uma mudança fundamental na perspectiva de vida das meninas que crescem no Sudão. Se o governo cumprir o compromisso que assumiu no início do mês, elas terão menos riscos de ser mutiladas como foram suas mães e irmãs mais velhas. A prática milenar, promete o presidente Umar Hasan al-Bashir, será banida.

O Sudão é o país do mundo com mais alta prevalência de MGF — mutilação genital feminina. Segundo a ONU, pelo menos de 70% a 90% da sua população feminina jovem e adulta passaram pelo rito violento antes de chegar à puberdade. Foram mutiladas praticamente todas as mulheres que não pertencem às classe sociais mais privilegiadas, e uma boa parte destas também.

Cumprir a promessa não será fácil. Outros catorze países africanos já tomaram medidas legais para coibir a MGF, mas ainda enfrentam resistências. “A mutilação faz parte da vida cotidiana, como comer arroz, e sempre foi assim”, disse ao Mujeres Hoy, portal da Isis Internacional, a ativista Agnes McAnthony, coordenadora de uma difícil campanha para erradicá-la. “Se você come arroz toda vida e venho dizer que está errado, você deixará de comê-lo”?

O prato perverso que as meninas são obrigadas a engolir em 28 países, incluindo Ásia e Oriente Médio, tem três modalidades. No Sudão, pratica-se a mais cruel, a infibulação. É uma soma das outras duas (clitoridectomia e excisão, que consistem na extirpação do clitóris e retirada dos lábios vaginais) e se completa com a sutura externa da vulva.

A mutilação geralmente é feita, sem anestésicos ou instrumentos cirúrgicos, por pessoa da família ou da comunidade, parteira ou profissional de saúde contratada. É tida como uma celebração, a exemplo da circuncisão masculina. Mas em sofrimentos, não se compara ao rito de passagem dos rapazes para a vida adulta. As meninas, muitas com quatro anos de idade, são cortadas a navalha, tesouras ou mesmo cacos de vidro, antes de serem costuradas. Algumas não sobrevivem à hemorragia, gangrena ou infecções na área pélvica. Outras sofrerão o resto de suas vidas com dores menstruais, infecções urinárias, impedimentos para uma vida sexual saudável e novas violências no casamento e nos partos. A Organização Mundial de Saúde estima que 130 milhões de crianças e mulheres em todo mundo tenham sido mutiladas, a um ritmo de 2 milhões por ano.

O anúncio do governo, feito pelo ministro da saúde Ahmed Osman Bilal, em um seminário conjunto com a Unicef, é radical: penalizar quem submeta crianças e jovens à MGF. Mas a maior esperança reside no compromisso de educar e tentar dissociar a prática de valores religiosos ou sociais. As origens da mutilação são desconhecidas. Sabe-se apenas que antecede o surgimento do judaísmo, cristianismo e islamismo — e não tem relação com os fundamentos de nenhum deles. O que era chamado de circuncisão faraônica perpetuou-se depois, com presença maior em países de maioria muçulmana, mas praticada igualmente por cristãos e animistas que moram nesses países.

Os milênios da tradição também determinaram padrões de aceitação da mulher na vida social. A mutilação é tida pelos homens sudaneses — e dos demais países que a adotam — como prova de honra da futura esposa e condição exigida para o casamento. Muitas meninas de Mali ainda são convencidas de que seus bebês morrerão se não forem operados, como conta Fatoumata Siré Diakite, da Associação para o Avanço dos Direitos das Mulheres de Mali Um programa educativo eficaz contra a MGF teria de focalizar até as crianças, e demonstrar às meninas “que elas podem continuar sendo mulheres completas”, adverte Agnes McAnthony.

Sem educar para novos valores, punir será difícil. A infibulação não é feita em clínicas e hospitais passíveis de controle — já existe uma proibição a essa prática médica —, mas na intimidade das famílias e comunidades, que mantêm o ritual secretamente. É o caso do Quênia, onde a mutilação foi proibida em 2001, com a aprovação da Lei da Infância, mas as mudanças lentas só estão ocorrendo em alguns lugares a partir de uma cuidadosa campanha promovida por um conjunto de 67 organizações sociais.

Até o termo “mutilação” é substituído, por algumas organizações, pelo “
excisão”, para evitar a idéia de “pais mutiladores”, o que pode dificultar o diálogo. As campanhas de organizações africanas e internacionais para mostrar os riscos e conseqüências danosas da MGF no Sudão já enfrentaram um revés no último ano, segundo o British Medical Journal. Linda Osarenren, diretora do Comitê Inter-africano da ONU, conta que a situação piorou nesse período porque alguns profissionais de saúde e líderes religiosos reagiram, em campanhas de contra-ataque. Uns passaram a propagandear pretensos benefícios da mutilação para a saúde e outros começaram a defender que a MGF se transforme em lei. Mas o debate proibido, pelo menos, começou.

Romper o silêncio tem sido um alento para as mulheres africanas. Fatoumata Siré Diakite, do Mali, comemora algumas novidades. “Que um chefe de aldeia se sente para conversar sobre este tema com as mulheres é uma mudança enorme”, ela explica: “Não é fácil para os homens de nosso país referir-se à sexualidade feminina”.

Outra possibilidade que a legislação abre é a busca de socorro por meninas e jovens que tentam escapar do ritual. Centenas de meninas do sul do Quênia, fugitivas de casa, pediram ajuda nos últimos meses, segundo o portal da Isis Internacional, Com a prometida mudança de atitude do governo as meninas sudanesas saberão, pelo menos, onde buscar socorro.

http://www.vermelho.org.br/diario/2003/1207/1207_sudao.asp

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